Não sei bem se o dia 15 de abril é o dia de quem vive de desenhar ou se qualquer um que goste de desenhar também é contemplado, mas pelo sim, pelo não, este post é pra quem gosta de desenhar, trocando seus desenhos pelo vil metal ou não.
Nada melhor do que um post de modelo vivo para homenagear quem desenha, e por acaso sábado passado houve uma sessão de modelo vivo da qual participei.
Íamos como sempre, fazendo (ou tentando fazer) desenho gestual guiado pelo todo, passando o movimento da figura, direção, conectando... e tudo o mais que deveria ser feito (não necessariamente o que se faz).
E assim foi.... poses de 30 segundos... 1 minuto... 3, 5 e 10 minutos. Até que após uma pausa, a modelo (que não guardei o nome) deu a ideia de fazer poses interligadas, ou seja... uma pose vai mudando lentamente para outra e para outra. Acho que um exemplo bom para isso seria desenhar uma pessoa fazendo Tai Chi Chuan. Ela vai se mexendo lentamente e íamos desenhando o que conseguíamos.
Esse tipo de sessão é bastante usada por animadores, que desenham num método diferente, dando ênfase à figura com ação. No nosso caso o método é um pouco diferente, e por isso o povo se embananou bastante.
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Modelo vivo - ?? segundos
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Comecei meio sem saber por onde... ao fixar as pernas e olhar novamente para a modelo, os braços já estavam num local diferente... um caos. Mas mesmo assim achei bem legal pois cada pose não dura mais do que um olhar... dois no máximo, e com isso a descrição se torna algo completamente supérfluo. Este é um dos motivos pelos quais estes desenhos saíram tão leves. Mal tocava o lápis no papel, pois qualquer força a mais iria marcar uma coisa que não estaria mais ali.
Mas mesmo assim queremos ter um "resultado". Um "algo" que identificamos como perna... barriga.
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Modelo vivo - alguns instantes
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Fizemos mais uma parada, e nesta conversamos sobre as dificuldades deste desafio novo, e o Maurício propôs fazermos os desenhos sobrepostos mesmo, sem intenção de ligar uma coisa à outra e menos ainda de ter uma figura reconhecível no final. Seria quase um "desenho cego", buscando somente o movimento.
À princípio não entendi o objetivo e por isso me pareceu um pouco "viagem" demais, sem função, pois, conseguindo relacionar já é complicado desenvolver o desenho, desta maneira é impossível. Mas é esse mesmo o objetivo: se concentrar puramente no movimento e só. Qualquer outra variável está fora dessa equação. Mas qual o limite entre isso e um desenho que é qualquer coisa... algo que só está validado pelo discurso? É nesse momento em que meu Mestre disse algo que no momento não digerí inteiramente, mas que (acho) que consegui entender. Ele falou que "...o parâmetro é a sua sinceridade!"
Ao repetir isso eu quase consigo ouvir os hippies sentados ao meu lado, mas pensando melhor, prefiro dar ouvidos ao mestre zen, e agradeço aos anos de prática de Kung Fu.
Minha verdade é o que acredito. E sou um artista realista.. portanto, faço um "desenho cego" de uma sensação de movimento, um movimento que percebo, vejo e sinto, e não "algo" etéreo e largado, só porque estou liberto da forma... da coerência visual.
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"Pôôô bicho! Que viagem!
Clica no berenaite pra não estressar os olhos |
Não sei se consegui alcançar o que foi proposto, mas a ideia eu gosto. Vou tentar novamente.
E só pra não virar um blog sobre arte contemporânea, este último desenho foi feito com uma pose estática, de 15 minutos se não me engano. Mas percebi uma certa diferença ao fazer este. Não sei explicar ao certo o que foi, mas foi interessante.
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Modelo vivo - 15 minutos
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